Playmaster of none – Play http://play.blogfolha.uol.com.br a cultura que habita o meio digital Sat, 12 Mar 2016 16:06:32 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Série “Master of None” usa humor desconcertante para discutir preconceitos http://play.blogfolha.uol.com.br/2015/11/11/serie-master-of-none-faz-humor-desconcertante-para-abordar-preconceitos/ http://play.blogfolha.uol.com.br/2015/11/11/serie-master-of-none-faz-humor-desconcertante-para-abordar-preconceitos/#respond Wed, 11 Nov 2015 18:45:01 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15308311.jpeg http://play.blogfolha.uol.com.br/?p=54 O preconceito contra imigrantes, o racismo e a maneira estereotipada com a qual são tratadas minorias como os gays formam um material já bastante utilizado por várias séries de TV. Mas nenhuma trata desses temas de forma tão direta, aguda e desconcertante (e engraçada) como “Master of None”, criada e estrelada pelo comediante Aziz Ansari e que tem os dez episódios (de 30 minutos cada um) da primeira temporada disponíveis no Netflix (que banca o seriado) desde a sexta-feira passada (dia 6), inclusive no Brasil.

A premissa de “Master of None” é quase raquítica: Aziz Ansari (norte-americano filho de indianos) é Dev, um ator que mora em Nova York e que fez um ou dois comerciais de sucesso, mas que não consegue se afirmar no cinema e na TV. Sem namorada, ele passa boa parte do tempo no bar com amigos como Denise (uma negra lésbica), Arnold (praticamente um adolescente de uns 30 e poucos anos) e Brian (um nerd descendente de chineses). E é isso.

E não há muito também no primeiro episódio (o mais fraco dessa primeira temporada), no qual Ansari e Arnold vão à festa de aniversário do filho de um amigo. É divertido, tem várias piadas certeiras sobre paternidade, mas “Master of None” revela-se uma das mais espertas do momento a partir do segundo capítulo. É a partir daí que acerta o foco.

Nesse segundo episódio, Dev e Brian questionam como o passado dos pais (os do primeiro, na Índia; os do segundo, na China) e a mudança para os EUA influenciou o modo como eles (Dev e Brian) vivem e quem se tornaram. Os pais sofreram, mas não são tratados com condescendência. Os filhos levam uma vida menos castigada, mas também têm de enfrentar desafios – como o wi-fi que cai com frequência.

Cena de 'Master of None' - Divulgação
Cena de ‘Master of None’ – Divulgação

Os problemas de relacionamento de Dev são o centro do terceiro episódio. Ele ganha dois ingressos para um show fechado do Father John Misty (cantor indie norte-americano) e não sabe quem deveria convidar. Acaba levando a garçonete do bar. No episódio seguinte, um dos mais surpreendentes, Dev e um amigo também de ascendência indiana, disputam papeis em um seriado de TV que terá três protagonistas homens. Será que a emissora toparia colocar dois indianos no elenco? A resposta é meio óbvia – mas as situações e piadas que saem disso, não.

Para colocar “Master os None” em pé, Ansari teve como parceiro Alan Yang. Os dois haviam trabalhado juntos em “Parks and Recreation” (Ansari como ator, Yang como roteirista). A iniciativa deu certo – a série tem média de 8,7 (o máximo é 10) no site Rotten Tomatoes, a partir de 44 críticas. Assim como Jon Stewart usou a comédia para, em seu talk show, dissecar sem dó o sistema político dos EUA, Ansari parte do humor para revelar como o preconceito está entranhado na sociedade.

(E Azis Ansari foi nesta terça-feira ao programa do Stephen Colbert, na rede CBS, da televisão norte-americana. Os dois brincaram com o fato de terem nascido na Carolina do Sul. Veio o diálogo:
Ansari: Você é o primeiro cara da Carolina do Sul a apresentar um talk show. E o bilionésimo branco. É uma forma interessante de prograsso.
Colbert: Você tem comentado a falta de pessoas de cor, minorias na televisão. Ter você no meu programa não conta?
Ansari: Hum, sim. Agora temos uma divisão de 50%. É um recorde para a CBS!)

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