Playporta dos fundos – Play http://play.blogfolha.uol.com.br a cultura que habita o meio digital Sat, 12 Mar 2016 16:06:32 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Por que o Porta dos Fundos não é mais o mesmo? http://play.blogfolha.uol.com.br/2015/12/01/por-que-o-porta-dos-fundos-nao-e-mais-o-mesmo/ http://play.blogfolha.uol.com.br/2015/12/01/por-que-o-porta-dos-fundos-nao-e-mais-o-mesmo/#respond Tue, 01 Dec 2015 20:05:23 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15308311.jpeg http://play.blogfolha.uol.com.br/?p=68 “O Brasil é um país muçulmano? Você tem quantas esposas?”.

Poucas coisas são mais sem graça do que tentar explicar em um texto uma piada feita em vídeo, mas as perguntas acima fazem parte da ótima esquete “Imigração”, que o Porta dos Fundos colocou no ar no início de 2015. A cena: um brasileiro é interrogado em uma sala por um oficial da imigração dos EUA, que porta um revólver.

O quadro tem uma receita infalível para fazer rir: a partir de uma situação real (a conexão imediata islamismo/terrorismo; a burocracia que um brasileiro enfrenta para pisar nos EUA), usa faz uso do absurdo para mostrar o quanto essa situação é, em si, esdrúxula.

É um tipo de humor que o Porta dos Fundos pratica desde que foi criado, em 2012. Com esses elementos, adicionados à esperteza de tirar sarro com assuntos banais, o grupo já produziu esquetes antológicas, como o “Setor de RH”, “Sobre a mesa”, “Assembleia Geral”, “Operação”, “Viado” e “Concepção” e “Ajuda”.

Diferentemente de muitos dos comediantes brasileiros, os integrantes do Porta dos Fundos não colocam as minorias como alvo – quando entram nesse território, como em “Viado”, o fazem colocando na mira o agressor, o preconceituoso.

Mas o Porta dos Fundos atualmente parece estar na mesma situação daqueles chefs que deixam a cozinha de seus restaurantes para virar empresários, apresentadores de TV etc.: a chance de piorar a qualidade da comida servida é grande.

E as esquetes do grupo já não têm a mesma força e originalidade de outros tempos. O fato de os integrantes acumularem várias outras atividades pode ter contribuído para a má fase da produção?

Gregório Duvivier hoje escreve livros, uma coluna aqui na Folha de S.Paulo, é ator. Fabio Porchat protagonizou pelo menos seis filmes desde 2012, fez a peça “Meu Passado me Condena”, entre tantos outros projetos. João Vicente de Castro é um dos apresentadores do “Programa de Segunda”, da GNT. Antonio Tabet também pode ser visto no cinema e é, ainda, o vice-presidente de comunicação do Flamengo. A agenda corrida fez com que Gabriel Totoro, por exemplo, deixasse de participar do programa da Sabrina Sato na Record.

Se colocadas lado a lado com a produção mais antiga, as esquetes mais recentes do Porta dos Fundos parecem ter sido feitas por outro time. A habilidade em brincar com o absurdo parece ter desaparecido. Entraram piadas rasteiras (como as  de “Merda” e “Pra Onde?”) e quadros pagos por empresas, como “Reunião de Criação” (bancado pela Ford) e “Supermercado” (pelo Extra).

O grupo ainda estreou a série “O Grande Gonzalez”, na Fox (que é boa). Será que com tudo isso a internet deixou de ser uma prioridade para o Porta dos Fundos?

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